Fala Werneck

@fala.werneck_destaterra

 

Editora: Global.

 

Que país é esse?

 

Ignácio de Loyola Brandão cria nesta obra uma distopia, que com a narração no aplicativo Tocalivros se torna ainda mais surpreendente.

 

Acompanhamos na história Clara e Felipe, que terminam um relacionamento e seguem seus próprios caminhos. E assim vamos conhecendo um Brasil tão diferente e assustadoramente real.

 

Identificamos os problemas cotidianos causados pela corrupção, pela violência e pelas injustiças.

 

Mas também percebemos tanta tecnologia, que nos faz questionar sobre a possibilidade disso realmente acontecer. Você consegue imaginar dispositivos que captam até o pensamento?

 

As pessoas são vigiadas o tempo todo, muitas se conformam e seguem a vida como podem, tentando conviver com esse controle assustador. Cada pessoa recebe uma tornozeleira eletrônica quando nasce. Ainda que sempre existam os que conseguem burlar as regras, né?

 

Os políticos mudaram a Constituição, aboliram palavras, aumentaram absurdamente a quantidade de partidos políticos; “político” é uma palavra proibida, agora eles são “Astutos”; e as mulheres não podem pertencer ao grupo. Chamam isso de evolução?

 

Em compensação, cada Astuto encolhe um pouco a cada propina que recebe e alguns chegam ao ponto de desaparecer. Seria essa uma forma eficaz de acabar com a corrupção no país?

 

Clara está viajando para casa, voltando para sua cidade de origem, Morgado, depois de décadas longe.

 

E trata-se de uma cidade bem particular, com características próprias e regiões próximas um tanto quanto singulares, que vamos descobrindo durante o percurso do ônibus e que nos falam de muitas coisas…

 

Felipe decide abandonar tudo e viajar sem rumo.

 

Cada um dos dois enfrenta perigos diferentes e sofre em situações distintas. Mas ambas as jornadas mostram como o ser humano se perdeu; deixou a indiferença, a crueldade e a desconfiança dominarem as suas escolhas.

 

E, de certa forma, os caminhos do antigo casal acabam se reconectando.

 

A obra é repleta de elementos que nos fazem refletir sobre os rumos que a nossa sociedade está tomando e os perigos de certos percursos que podem ser terríveis. Ainda que a ficção mostre toda a sua imaginação, os riscos de um país que não valoriza a educação, a cultura e a vida são aterrorizantes.

 

A verdade é que o povo acaba aprendendo a conviver e aceitar, mesmo que seja algo injusto e cruel. Acabam, infelizmente, normalizando a anormalidade.

 

Uma narrativa que mostra um país que ruiu sob o peso de tantas mentiras, subterfúgios e corrupção.

 

Além de um final inimaginável.

 

Se você quer conhecer uma leitura diferente, crítica, reflexiva e necessária, leia (ou escute) “Desta terra nada vai sobrar, a não ser o vento que sopra sobre ela”.

 

Comentários (1)

  1. Estou esperando esse livro em físico por aqui! Ansiosa pra conhecer ( é o meu primeiro contato com o autor)