Fala Werneck

@fala.werneck_entrevistacomautora

 

Boa tarde, Fernanda!

Conte-nos um pouco sobre você.

Um pouco sobre mim… eu falo bastante, mas falar de mim mesma é um pouco difícil. Tenho 45 anos ainda, acho que essa idade foi a mais longa… deu essa impressão, deve ser por causa da pandemia, isolamento social, assimilar tudo isso, ficar sem ver pessoas queridas… Mesmo eu não tendo cumprido integralmente o isolamento, essa pandemia mexeu com tudo, todas as referências que tínhamos. Acho que estamos passando por mais uma daquelas reviravoltas do tempo da Terra e só vamos dimensionar as consequências depois, mas… estou divagando. Estou escrevendo para viver e vivendo para escrever. Mas não é bem isso também.

Tem tantas outras coisas na minha vida acontecendo! Me mudei novamente, minha tia diz que sou meio cigana. Deixei a 2ª faculdade (por enquanto), não consegui me adaptar às aulas on-line. Estou adorando essa mudança de agora. A serra sempre foi meu segundo lar, depois de Niterói, é claro! Gosto de escrever desde que aprendi a ler. Gosto de mangá e anime, séries. Gosto de personagens fantásticos, mas gosto de lugares reais. Gosto de ouvir pessoas, e as vezes ouvindo-as eu crio minhas próprias versões das histórias delas. Escrevo e misturo um pouco daqui e dali e acabam nos meus livros.

 

Poderia falar sobre os livros que já publicou?

Livro publicado mesmo começou com “Imperdoáveis” em 2013. Eu já tinha escrito vários livros, capítulos, histórias, esboços de quadrinhos, trabalho acadêmico, como uma amiga disse, fanfics, mesmo antes de ter esse nome, mas não tinha publicado nada ainda. “Imperdoáveis” eu achei que era uma história mais madura em termos de publicação, quando acabei era como se eu sentisse a história pronta para isso. Então eu resolvi publicá-la e embarcar de vez nesse ramo literário. Vieram convites, não só de literatura, mas para trabalhos didáticos e paradidáticos e então a partir de 2013 foi difícil parar de escrever e publicar.

Os convites em literatura chegaram para participar de antologias, eu tinha muita dificuldade de resumir minhas histórias, dá pra ver que “Imperdoáveis” é uma história longa e “Viciados” também. Foi um desafio escrever um conto. Mas foi uma das melhores experiências que eu tive e conheci vários autores talentosos e como o pessoal aqui no Brasil gosta de escrever suspense! Fiquei encantada! Um dos personagens que mais amo é Caur Farchog desse primeiro conto publicado na Antologia: “Eles estão entre nós”, lançado em 2018 na Bienal do livro em São Paulo. O conto dessa antologia de estreia se chama “A Cidade das Pirâmides”, que é o nome de um lugarejo real, aqui bem próximo de onde moro hoje em dia, em que se acredita ter um tráfego intenso de OVNIs e experiências com criaturas do espaço.

Foi nesse trabalho que conheci Rodrigo Fonseca, escritor, publicitário, influencer e editor, e um garoto muito querido, e a partir daí formamos algumas parcerias e publicamos em outras antologias. Quando ele me convida fica difícil eu dizer não. Daí foram: “Sombras da Noite”, lançado em 2019, com o conto: “As crianças sem sorriso”; “Tesouros Perdidos”, em 2020, o nome do meu conto é: “A Pedra Carmesin”, e o último publicado já pela Editora Alarde em 2020, em que conto a história da influencer Vee Hypnos, no reality show Soltos na Floresta. Tem outra antologia inédita chegando, e além disso, tem um conto já há uns três anos rolando numa outra antologia que ainda não foi publicada. Acho que também sai em breve, esse ano ainda. Espero.

No final de 2020 publiquei meu primeiro e-book. É um romance mais curto que “Imperdoáveis” e eu tive ideia para ele enquanto trabalhei temporariamente numa papelaria. Pessoas fantásticas que conheci por lá, lugares e pessoas reais sempre têm histórias para contar e eu tenho essa capacidade maluca de viajar nelas! Esse primeiro e-book se chama “Amor de Papel” e está fazendo sucesso na Amazon.

Mas com o contato próximo com a Editora Alarde, e com a finalização depois de mais de sete anos da continuação de “Imperdoáveis”, acordamos de publicar “Viciados”, e reeditar “Imperdoáveis”. A saga foi pensada em cinco livros e espero publicar todos eles pela editora. O trabalho deles é sério, bem feito e bem criativo, além de lindo. Estou amando essa parceria com a editora e recomendo para quem quer começar a publicar. Já estou escrevendo o terceiro! Rs…

Então a saga começa com a queda de um anjo, Daniel, que tinha contato com a humanidade, mas que também já tinha se decepcionado com ela e acaba por puro orgulho cometendo um dos pecados capitais e como castigo, é rebaixado na sua casta hierárquica angelical e tem que cuidar de uma menina humana. Decepcionado consigo mesmo, Daniel fica meio deprimido, o que o leva a, acho que todo mundo sabe, então não é spoiler, cometer o seu segundo pecado. Sua estratégia passa então a ser a de se aproximar da criança, assumindo a forma de um menino da idade dela, para poder interagir com ela. Os pecados capitais na minha história são imperdoáveis aos anjos e o motivo deles serem condenados ao inferno e proibidos de voltar a ascender ao reino eterno, mas para isso há também um longo percurso, os tempos estão mudados. No primeiro livro, “Imperdoáveis”, vemos a história de amizade de uma menina tímida se firmar com um anjo que ela supõe ser um amigo imaginário.

Clarissa também descobre que não é uma pessoa qualquer, mas uma profetisa designada pelos céus e suas premonições acontecem, são em sua maioria sobre as tragédias naturais (como se o homem não tivesse a sua parcela de culpa por manipular tanto a natureza), mas ela vê outras coisas também. No segundo volume da série, “Viciados”, que lançou no dia 07/07 deste ano, Clarissa está crescendo e Daniel continua cuidando dela sob a alcunha de Ângelo. Porém o contato com a humanidade faz com que ele se envolva ainda mais com afetos muito mais mundanos do que sublimes e então… ele é perseguido pelos seres infernais que representam os pecados capitais, ele é constantemente tentado por alguns deles, sem sequer perceber isso direito.

O segundo livro aborda mais sobre a vida, ou as vidas, do anjo Daniel, mas o amor e a amizade entre o anjo e a menina se aprofundam cada vez mais. Qual será o pecado que vai tentar Daniel neste segundo volume? Ele será capaz de resistir as tentações mundanas? Quem ler vai descobrir.

Fiquei feliz em saber que o projeto é para cinco livros, porque a história deles realmente merece. A amizade é muito bonita e o amadurecimento dos dois também.

 

Qual foi a sua inspiração para escrever “Imperdoáveis”?

Todas aquelas sagas que estavam rolando e virando filme: Crepúsculo, Harry Potter, Hush, Hush (que acabou não virando filme, apesar de inúmeros anúncios e tentativas, rs). Mas quem influencia minha escrita há muito tempo é a autora norte-americana Anne Rice, nessa coisa da novela sobrenatural. Mas eu gosto também de histórias mitológicas e fui criada em uma cultura católica, então as histórias bíblicas me são conhecidas desde pequena. Acho que todo o meu percurso literário, enquanto amante inveterada de livros, me influenciou de alguma forma para escrever e publicar “Imperdoáveis”. Eu não sigo nenhuma doutrina espiritual, então eu tento também considerar visões diferentes sobre a mitologia angelical nos livros.

 

Você precisou fazer muitas pesquisas para falar sobre os pecados capitais?

Muitas pesquisas, mas não só sobre os pecados. Eu ainda prefiro trabalhar com o senso comum e não me especializar em um determinado assunto ou vertente epistemológica do assunto, pois estamos falando de literatura e nada disso precisa virar embate filosófico ou científico. É ficção. E eu espero que seja um pouco de arte. Mas fiz pesquisas diversas sobre a mitologia angelical, sobre a literatura que trata do assunto, sobre os autores nacionais que também abordam esse tema, sobre as tragédias naturais (as premonições de Clarissa são baseadas em tragédias reais), sobre o significado das palavras que usei, sobre esgarçá-las até se tornarem minhas palavras… precisa de muita pesquisa, muita revisão, muito trabalho. Escrever não é apenas inspiração, é trabalhoso mesmo.

 

Em sua opinião, qual será o futuro dos escritores brasileiros?

Espero que seja muito bom, promissor já é. Falta incentivos, mas falta incentivos para o povo brasileiro em muitas áreas, a literatura é mais uma delas. Falta segurança decente, condições de saúde, educação, cultura mais ampla, e o pior é que ultimamente estamos perdendo em algo que costumávamos ser tão bons… solidariedade. Quando tivermos uma sociedade mais estabilizada e igualitária, teremos maior chance de mostrar ao mundo como somos criativos e excelentes contadores de história, inclusive essa é uma área em que o Brasil ainda é muito carente, pois muita gente na nossa população não sabe sequer ler e escrever.

 

E como você acha que será o leitor do futuro?

Leitor sempre será leitor. Nunca vai deixar de ser leitor. Quem gosta de literatura gosta mesmo, acho que o que pode mudar é a tecnologia para possibilitar a leitura. Afinal, um dos grandes marcos do desenvolvimento humano foi a invenção da imprensa, não é mesmo?! Nem a televisão e nem o computador superaram isso! A tecnologia vai progredir e os leitores também.

 

Agora, vamos comentar alguns gostos pessoais. Qual é o seu gênero literário preferido? E qual é o que menos gosta?

Meu gênero literário favorito é a fantasia. Não gosto de livros de autoajuda.

 

Qual é o seu autor favorito?

Victor Hugo é o primeiro que me vem à cabeça. Clássico dos clássicos, na minha opinião. “Les Miserables”, talvez seja o meu romance favorito na vida, mas há uma cena em “O Corcunda de Notre Dame” que faz você visualizar aquele desejo doentio de uma pessoa, descreve um olhar que você pode mesmo visualizá-lo em detalhes ao ler, e isso é foda! Desculpe o termo, mas não há outro igual para descrever. Machado de Assis também consegue fazer isso quando descreve o olhar de Capitu, mas não é no mesmo nível. Chega perto. E eu amo também. O primeiro romance que li e que me levou a ser romancista foi “Romeu e Julieta” de Shakespeare, com 12 anos, mas eu me apaixonei mesmo pelo tonto do “Mouro de Veneza”. Comecei pelas tragédias então, também marca os meus livros, não vou negar. Dostoiévski só li mais recentemente. Dumas, Kundera, Brönté, Austen… os poetas brasileiros são os meus favoritos. Não tem como parar se eu começar a descrever cada um deles… Não tenho um favorito, tenho vários.

 

Você prefere livros físicos ou digitais?

Físicos. Mas eu sou da geração dos livros físicos. Leio hoje em dia livros digitais, principalmente antes de dormir e até livros/games. Já escrevi uma história em um game/aplicativo. Tô pensando em publicar ela também.

 

Qual é a sua leitura atual?

Algumas… Tenho uns salvos no Kindle que ainda nem comecei a ler, ou melhor, comecei, mas… tô fazendo muitas coisas ao mesmo tempo. Hoje em dia mesmo tem: “O Paraíso Perdido”, alguns de Psicologia, para o trabalho, tô tentando ler os nacionais como “Troca” (Naila Barboni Palú), “Um Novo Começo em Hamburgo” (Sara Klust), a última série que li foi a da Victoria Aveyard e o último livro (e-book) “Um simples Ritual” (R. A. Tsuchyia). Além dos contos dos meus companheiros de antologias.

 

Qual é o seu maior hábito de escrita?

Escrever ouvindo música e selecionando músicas que parecem com o que eu estou escrevendo para as playlists. Corrigir textos e escrever tomando café, hoje em dia com leite e canela.

 

Já está planejando seu próximo livro? Pode nos contar um pouco sobre o projeto?

Como eu disse, tô escrevendo sempre. A saga Imperdoáveis vai longe então tenho que continuar escrevendo, me debruçando sobre ela quase todos os dias. Tem um livro que escrevi antes de “Imperdoáveis” e que o estou revisando para lançar como e-book em breve. Ainda este ano!!!! É um romance policial. Escrevo algumas histórias mais no estilo hot, mas ainda não decidi qual delas e onde publicar.

Tenho muitas histórias esperando uma oportunidade de serem concluídas. De vampiros à lobisomens, passando por superpoderosas… Vamos ver se consigo tempo e dinheiro para tudo isso! Rs…

 

Atualmente, qual é o seu sonho?

Viver de escrever. E ver minhas filhas (minha afilhada também conta como filha, rs) formadas e encaminhadas na vida.

 

E para finalizar, indique-me um livro.

Bom… posso indicar vários, mas dependeria do seu gosto, não sei que estilo você mais gosta. Soube que você já está lendo os meus… rs. Espero que goste do estilo, da escrita, do valor dos sentimentos que tento expressar neles… Se um dia quiser ler Anne Rice comece por “A Múmia”, não é série, é único. Se for ler Victor Hugo tem um romance lindo que não é dos mais conhecidos: “Os Trabalhadores do Mar”. Não sei se já leu “A morte de Ivan Ilitch”, de Tolstói, mas ensina muito sobre a vida.

Bom… gosto de fazer referências nos meus livros e sei que vai encontrar mais algumas.

Eu disse que gosto de falar. Espero que a entrevista tenha sido proveitosa, gostei das perguntas.

Beijo e muito sucesso para você, Flávia!

E boas leituras!

 

Muito obrigada pela oportunidade de conversar e poder conhecer um pouco melhor as suas histórias e você como leitora também!

Pode deixar que vou anotar suas indicações para colocar na minha lista de futuras leituras. 🥰

Muito sucesso com os seus livros! E mal posso esperar para ler “Viciados”!

Comentários (2)

  1. Fernanda disse:

    Amei participar da entrevista e o carinho e criatividade com que tratou sua apresentação. Muito obrigada!