Editora: Global.
Páginas: 279.
A vida não precisa de muito para ser bonita…
A escrita de Fernando Pessoa é singular e cada um dos heterônimos enfatiza uma linha de pensamento e crítica.
Alberto Caeiro é referenciado, muitas vezes, como um reconstrutor do paganismo. Um poeta despretensioso, com uma escrita simples e livre, que demonstra um materialismo espontâneo e também o ateísmo.
No entanto, mais do que essas características teóricas, os poemas despertam no leitor um sentimento de espontaneidade e singeleza.
Caeiro menciona, por vezes, como as pessoas complicam tudo ao buscar significados ocultos e expressões inexistentes.
Além de não se atentarem ao fato de que tudo tem o seu próprio tempo, não adianta querer forçar isso…
A natureza representa uma grande professora, que mostra o tempo de cada processo, a simplicidade dos elementos que a compõem e o valor de cada um; como também os ciclos que se perpetuam e conectam.
O ser humano carrega preconceitos, dogmas e também arrogância; mas o poeta nos lembra o quanto somos pequenos diante do universo e de tudo que permanece e se eterniza, mesmo depois que partimos.
E até as criações agregam mais valor para si próprias do que para o seu autor.
Como ele diz no trecho:
“Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.”
O que também nos permite refletir sobre a possibilidade de ideias simples se tornarem projetos grandiosos com o potencial de transformar a vida de muitos.
As ideias têm poder porque elas incitam ações e, consequentemente, modificam a nossa imperfeição humana.
Algo que deve ser apreciado, porque faz parte do que nos define.
Ele mesmo já descreve:
“Se não houvesse imperfeição, havia uma cousa a menos,
E deve haver muita cousa
Para termos muito que ver e ouvir…”
Além disso tudo, vale mencionar que um dos poemas mais icônicos da obra é o que fala sobre o menino Jesus, que brinca, se diverte, se cansa e faz travessuras como qualquer criança humana, “tão humana que é divina”. Alguém capaz de viver como um humano comum e mostrar o quanto podemos aprender se verdadeiramente olharmos para as coisas da vida.
Uma leitura especial e extremamente reflexiva.
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Realmente, Fernando Pessoa tem uma escrita singular ❤️ particularmente amo o heterônimo Alberto Caeiro. Me identifico muito ❤️