Fala Werneck

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Boa tarde, Mari! 

 

Conte-nos um pouco sobre você.

Sou mãe, capricorniana, workaholic, odeio praia, sou fã de chocolate e batata frita. Leal até o último fio de cabelo, não tenho paciência para mimimi e não consigo calar as vozes de personagens que moram na minha cabeça.

Adorei sua descrição! Rs.

 

Poderia falar sobre alguns dos livros que já publicou? (Sei que são vários.)

Recentemente lancei meu décimo segundo livro. Não poderia estar mais feliz.

Olha, gata, eu amo escrever coisas divertidas. Então, se você pega um livro meu, vai se envolver em uma história engraçada, leve, com momentos mais sexy e sem drama. Eu detesto dramalhão (na vida, nos livros, nos filmes). Então, tento produzir algo bem tranquilo. Quero que a minha leitora, que chega cansada do trabalho, tome um banho, pegue o livro e se divirta por algumas horas.

 

Em sua opinião, o mercado editorial brasileiro atua e reage diferente com a publicação de livros físicos e digitais?

Ah, sim. Mas tudo é questão de público alvo. Leitores de Fantasia e Terror normalmente preferem impressos. Leitores de Eróticos optam por e-books. A questão é saber onde seu público alvo está.

Mesmo assim, ainda há aquela ideia de que, se não está impresso, não é livro (acredite, já ouvi essa frase várias vezes). Mas o mercado está mudando. Há alguns anos, ninguém imaginava que a Blockbuster seria substituída pela Netflix. Ou que os jornais impressos deixariam de ter tanta popularidade. Hoje em dia, as plataformas digitais estão ganhando muito espaço. É o rumo natural das coisas.

Pois é, grandes transformações estão em curso…

 

O que você acha que vai acontecer com o mercado, diante dessa crise enorme com livrarias fechando e grandes redes entrando com processo de recuperação judicial? Qual seria a melhor maneira de lidar com a transformação do mercado?

Adaptar para sobreviver. O bom e velho Darwin já dizia isso.

Mudanças acontecem o tempo todo. Basta estarmos dispostos a nos ajustar a elas. Por mais que livrarias estejam fechando, o público leitor está aumentando. Vamos ser sinceros? O comércio em geral mudou muito. As lojas online ganharam espaço, assim como as livrarias online.

Muitas livrarias sobrevivem (ainda bem), mas temos o monopólio das grandes cadeias sendo posto a baixo. Em contrapartida, os autores independentes estão ganhando espaço, assim como as editoras menores. Não vejo uma catástrofe iminente, só vejo a necessidade de livrarias se adaptarem.

 

Qual será o futuro dos escritores brasileiros?

Será lindo, maravilhoso! Ou, pelo menos, tenho esperança.

A meu ver, o público leitor tem crescido bastante, bem como o acesso à literatura. Os canais de divulgação também mudaram. Fico muito feliz ao ver milhares de blogs e instablogs literários. Isso faz com que o alcance seja muito maior.

Outro dia, uma amiga minha me disse que o meu livro foi o primeiro que ela leu espontaneamente (sem ser aqueles de escola). Hoje, ela lê livro atrás de livro. Não só meu, mas de outras autoras nacionais também. É isso. Estamos formando novos leitores. Logo, os escritores vão ganhar mais espaço (oremos!).

 

Você considera que ainda existe preconceito com o gênero literário que você publica? O que você diria aos leitores que têm preconceito?

Ah, mas é claro. Eu escrevo romances com humor e sexo. Minhas histórias são engraçadas e fazem você sentir coisinhas gostosas lá embaixo – e isso já faz com que muita gente não queira nem chegar perto.

O que eu fico mais pê da vida é que muito  preconceito vem dos próprios escritores.

Eu acho SUPER normal não gostar de um estilo. Mas o que incomoda é quando a pessoa nem se dá ao trabalho de conhecer antes de julgar. Teve um dia que um cara (desconhecido e que nunca tinha lido nada meu) comentou em um post no meu perfil pessoal, dizendo que meu livro era lixo literário. Puro preconceito! Só porque tem um gostosão na capa não quer dizer que eu não tenha criado uma história com conteúdo.

Minha dica é: leia! Dê uma chance àquilo que você não conhece. Se não gostar, vai deixar de ser preconceito e passar a ser preferência. Mas, por favor, não tente diminuir o trabalho de alguém só porque você não gosta.

Com certeza, cada um de nós é uma pessoa com gostos particulares, e essa vasta quantidade de opções é benéfica para que cada um vá descobrindo o que lhe agrada mais ou menos. E não poderia simplificar mais do que a sua dica de “leia”, é o que precisa ser feito. “Apenas” isso. E grandes surpresas poderão acontecer, porque muitas vezes você fica com receito de certo gênero, e depois de conhecer pode ser que sua opinião mude, ou talvez permaneça. Quem sabe? Mas, pelo menos você experimentou. 

 

Como será o leitor brasileiro do futuro?

Que pergunta impossível! Rs

Não sei como ele será, mas espero que eles sejam que nem minhas leitoras lindas, que falam sempre comigo, me pedem por mais livros e aceitam dicas de novas leituras.

 

Para você, existe literatura boa e ruim?

Extra, extra, extra. Tem polêmica chegando!

Ah, gata… Que difícil isso.

Talvez não, porque bom e ruim vai de acordo com o gosto de quem está lendo. Mas, ao mesmo tempo, precisamos pensar em diversos aspectos que compõem um livro.

Vou mudar a minha resposta. Do ponto de vista do leitor, não. É apenas questão de gosto. Do ponto de vista profissional/editorial, sim. Existem histórias com muitos furos, falta de pesquisa, falta de coerência… Fora o descaso com a Língua Portuguesa. Porque não é só ter uma ideia. Para escrever, o escritor precisa saber como desenvolver essa ideia em um livro.

Mas quem sou eu para dizer se a literatura é boa ou ruim? Eu apenas leio e produzo o que eu acho ser bom. Não estou aqui para julgar ninguém.

Muitas vezes falta um pouco de pesquisa mesmo e revisão. A série de vídeos que você está fazendo com a Sissi são muito interessantes, e para o bem dos leitores, espero que os novos escritores estejam assistindo. 

 

Agora, vamos comentar alguns gostos mais pessoais. Qual seu gênero literário preferido? E qual é o que menos gosta?

Ah, adoro o estilo que eu escrevo: Romances sexy e com humor. Mas também curto Clássicos, Fantasia, Distopia… Sou bem eclética. Eu não curto Terror (porque tenho medo) e Romance de Época (nunca encontrei um que me prendesse).

 

Qual é o seu autor favorito?

Amo Kendall Ryan, Meg Cabot, Cambria Hebert, Lauren Blakely, Jane Austen, Oscar Wilde… Das nacionais, curto muito a Janice Ghisleri, Andreia Evaristo, Camila Deus Dará, Luísa Aranha… São muitas. Juro que não tenho como escolher uma só. Depende do momento.

Compreendo o sentimento de não conseguir escolher apenas um. Rs. Isso também acontece comigo!

 

Qual é o seu maior hábito de escrita?

Eu converso com meus personagens em voz alta e faço as vozes deles quando me respondem (não me julguem).

 

Já está planejando seu próximo livro? Pode nos contar um pouco sobre o projeto?

Estou sempre planejando livros. Tenho uma meta de lançar um livro por mês em 2019, mas não sei se vou conseguir.

A (maldita) Mulher dos Meus Sonhos é um livro que tem estado na minha cabeça há um tempo. Ele conta a história de um casal que se divorciou, mas o nosso mocinho delícia está disposto a tudo para reconquistar o amor de sua vida.

Mas acho que meu próximo lançamento será O Preço da Fama, que conta a história de uma popstar que resolve largar tudo e ir para a faculdade.

São muitos livros na minha cabeça, com histórias diferentes e que não seguem uma lógica. Depende do meu momento.

 

Atualmente, qual é o seu sonho?

Profissional? Hmmm… Conseguir continuar escrevendo e viver apenas disso.

 

E para finalizar, indique-me um livro.

A trilogia Deuses de Dois Mundos, do PJ Pereira. Melhor livro nacional que eu já li.

 

Muito obrigada, Mari! Pela conversa, pela sinceridade e por querer mostrar como o preconceito é prejudicial para todos.

Espero que você tenha muito sucesso, que realize seu sonho e cumpra a meta de 2019! 

Torço para que o público leitor no Brasil seja cada vez maior e eclético, existem muitas histórias boas que merecem nossa atenção. E os escritores merecem todo respeito, pela coragem de mostrar suas ideias para o mundo e por tentar despertar emoções nas pessoas, sejam emoções alegres ou tristes, todas têm seu valor e lugar. 

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